quarta-feira, 28 de novembro de 2007
A fonte é nova (?), mas a notícia é velha.
Sete morreram em um campo de futebol, sete. Isso em um país que deseja sediar a copa de 2014, 14, o dobro de 7. Os números gostariam de poder mostrar o que está por ocorrer, mudanças drásticas necessitam ser realizadas, se não outras tragédias ocorrerão. Não é apenas a Fonte Nova que precisa de cuidados. É possível contar no dedo quantos estádios brasileiros são passíveis de jogo. Não se pode esperar uma tragédia ocorrer para depois tomar juízo. Plausível não é demolir um estádio após uma tragédia, não é paralisar um aeroporto após uma catástrofe, não é culpar o antecessor pelo desastre no metrô. Ações necessitam ser realizadas com visão, é preciso estudo, medidas preventivas de segurança. Atos pós-tragédia não trarão de volta os mortos. A pergunta que fica é: de quem é a culpa? Não sei a resposta, mas sei que a diretoria do Bahia sabia da situação precária da locação, porém fez o que pode para continuar os jogos “Ora, se não desabou antes, porque desabaria na última partida?” E desabou.
Jacques Wagner, governador baiano planeja demolir a Fonte Nova.
Orlando Silva, disse que foi “último jogo na Fonte Nova”.
Ricardo Teixeira brinca de presidente da república “não sei de nada.”
E Lula se solidariza com a tragédia.
E pensar que praticamente todos os citados são responsáveis diretos pela organização da copa de 2014. Bem administrados estamos, não? Agora é não deixar esta ser mais uma tragédia tupiniquim, não esquecê-la em duas semanas como de costume. Apurações e punições drásticas aos culpados. E não nos esqueçamos das medidas preventivas, ainda temos entre outros: a Ilha do Retiro, o Arruda e o Vivaldão, todos acostumados a receber grandes públicos e que oferecem risco aos torcedores, assim como a Fonte Nova.
7 - 14 - 21 - 28 - 35 - 42 - 49 - 56 - 63 - 70..........
E viva a Copa de 2014!
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
VENEZUELA: SOCIALISMO LATINO AMERICANO?
Há alguns anos os países da América Latina têm elegido um surpreendente número de governantes ligados à esquerda. O que antes de caracterizar uma opção pelo socialismo, significa que as políticas neoliberais (implantadas dês do final dos anos 80) não têm atendido a demandas da população trabalhadora, que são a maioria das pessoas.
Em um regime democrático não se espera a passividade da sua população, pelo contrário: participação. O que têm ocorrido através de reivindicações realizadas por grupos militantes como o movimento dos trabalhadores sem terra (Brasil), o movimento dos trabalhadores de cooperativas (Argentina), o movimento popular oaxaquenho (México), entre outros movimentos populares que se opõem ao regime neoliberal.
Contudo, é fundamental lembrar alguns exemplos históricos de movimentos socialistas, como o regime Stalinista (União Soviética), onde morreram aproximadamente 3 milhões – sendo que 800 mil foram executados. Ou Cuba, país de 11 milhões de habitantes, que oferece educação gratuita, resultando em 97% da população alfabetizadas.
Caso aprovado, perguntas como: Venezuela se tornará uma ditadura populista? Será democrático? E principalmente, o povo terá seus interesse representados? Serão respondidas com o tempo.
Recentemente, levantando esse debate, o sítio Brasil de Fato http://www.brasildefato.com.br/ entrevistou o Deputado da base chavista, José Albornoz que é secretário-geral do Partido Pátria Para Todos (PPT) que, ao lado do Partido Comunista, rejeitou a proposta de se unificar no recém-criado Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) criado por Hugo Chávez e que pretendia aglutinar todas as forças políticas chavistas. Faz uma avaliação sobre o referendo e afirma: “oposição prepara saída antidemocrática”.
O presidente venezuelano Hugo Chávez conta com o poder de uma lei habilitante que o permite governar por decreto até meados do próximo ano. Por que propor uma reforma constitucional se poderia decretar tais mudanças?
José Albornoz – Porque simplesmente decidimos governar com o povo. Se Chávez decreta, a decisão estaria restrita ao Congresso e ao presidente da República. A idéia é que todos participem do projeto, por isso se submete à consulta. Poderíamos afirmar que nossa reforma é uma reforma conservadora. Não entendo porque tanta polêmica. Não estamos transgredindo nenhum direito político ou social.
A oposição está convencida de que vai perder, mas sua intenção agora é reduzir a margem de 60% a 40% que vem se repetindo nas últimas eleições (chavismo e oposição, respectivamente). Se eles reduzirem a diferença, utilizarão o fato como se fosse a primeira derrota de Chávez. Esta estratégia está coordenada com os Estados Unidos. Quando Manuel Rosales – ex-candidato presidencial – se reuniu com o representante para América Latina do Departamento de Estado, Thomas Shannon (outubro 2007), pretendia negociar o financiamento e o apoio à uma saída antidemocrática. A orientação dos EUA foi que a oposição deveria trabalhar a médio e longo prazo para derrotar a Chávez. Eles (a oposição) estão de olho nas eleições de governadores no próximo ano. Necessitam recuperar estes espaços de poder (O chavismo controla 21 dos 23 estados do país).
Se aprovada a reforma, a aplicação do Poder Popular e o papel que devem tomar os Conselhos Comunais na tomada de decisões tende a substituir o poder dos governadores e prefeitos. Esse pode ser o pivô para o surgimento de uma oposição dentro do chavismo?
Quando a aplicação de um projeto implica na ruptura de velhos paradigmas pode haver resistência e se as mudanças não são trabalhadas politicamente, para que exista um entendimento das suas necessidades, isso pode gerar oposição porque muitos interesses estarão confrontados. O caso do general Isaías Baduel (ex-ministro da Defesa que passou a critica publicamente a reforma) é um exemplo disso. Se não há maturidade ideológica e do período histórico que estamos vivendo, a crítica se desliza e cai no campo da direita. Acredito que Baduel assim como o Podemos (partido que se desligou da base chavista) deixaram o processo pensando que poderiam criar um lugar no meio, mas aqui não há espaço intermediário.
Por quê?
A oposição, para fortuna do nosso governo, é bastante torpe e desperdiçou uma grande oportunidade quando decidiram sair da disputa das eleições parlamentares em 2005. Nesta ocasião, a oposição abriu mão de pelo menos 20 cadeiras no parlamento porque confiava que funcionaria uma via mais rápida, não democrática, para derrocar o governo. Não funcionou. Esta mesma oposição acabava de sair de um golpe de Estado. Quando o jogo do adversário não é democrático as regras se limitam à polarização e não permite a construção de espaços intermediários, o que é lamentável.
Veja entrevista na integra no sítio: http://www.brasildefato.com.br/
terça-feira, 20 de novembro de 2007
Audiência pública termina sem respostas
Cinco horas de discussão não foram o suficiente para esclarecer qual será o destino do Rio Tibagi.
Indignação, faixas, protestos, falta de dados consistentes e informações precisas.
Assim se resume a última audiência pública realizada na Câmara de vereadores de Londrina, no mês de outubro. Organizada para discutir o aproveitamento energético do Paraná e a construção da Usina Mauá, a audiência foi presidida pelo deputado estadual, Tadeu Veneri, filiado ao PT. Entre os presentes estavam os deputados Luís Eduardo Cheida e Barbosa Neto, o coordenador institucional da ONG Liga Ambiental, Tom Grando, o diretor de Geração e Trasnmissão de Energia e Telecomunicações da Copel, Raul Munhoz, o representante do Ministério Público João Akira, o representante da aldeia Mococa Osias Sampaio e a professora do curso de Ciências Biológicas da UEL, Sirlei Benneman. A audiência iniciou-se com os pronunciamentos dos participantes e depois foi sucedida por um debate, que apesar das discussões acaloradas e das múltiplas expressões da platéia acabou sem qualquer decisão acertada.
Durante a audiência, o promotor João Akira questionou a licença prévia concedida pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para a realização do empreendimento e o não comparecimento do instituto na audiência. “Para um empreendimento que já está pretendendo iniciar a obra, não era mais para nós termos dúvidas com relação à alteração de modos de vida e alteração de meio ambiente”, disse Akira. Também se manifestou o representante da Copel, Raul Munhoz, que ao utilizar as expressões “Mãe natureza” e “Dias melhores” foi vaiado. O diretor irritou – se com a afirmação de Osias Sampaio, que representava a aldeia Mococa, de que a Copel não teria ética.
Outro momento polêmico foi quando Tom Grando, durante o debate, sugeriu ao deputado Veneri a inauguração de uma “CPI dos Licenciamentos no Estado do Paraná”. Também, causou grande alvoroço entre os presentes na audiência, o protesto dos estudantes de biologia da UEL. Eles serviram aos representantes da Copel, Eletrosul e Consórcio Cruzeiro do Sul, também presentes na audiência pública, amostra de água do Rio Tibagi misturada com chumbo, enquanto os alunos presentes na platéia gritavam “Toma água!”.
Tadeu Veneri avalia que a realização de audiências públicas é a forma correta de se discutir a possível construção da usina Mauá. “Estamos num processo que deveria ter sido feito, no meu entendimento, de uma forma diferenciada há três, quatro anos atrás.”, lamenta o deputado pela iniciativa tardia. Ele ainda comentou sobre a necessidade da população rever a forma como consome a energia que recebe afim de que se evite desperdícios.
Já, o coordenador institucional da Liga Ambiental, Tom Grando, espera que a partir das audiências haja uma sensibilização da classe política diante do caso da usina Mauá. “O que nós esperamos aqui é que uma mobilização política venha por o trem nos trilhos. Porque a justiça não conseguiu fazer isso até agora e a argumentação técnica também não. Esperamos que a mobilização popular venha sensibilizar a classe política que tem se mostrado insensível e burra diante o processo desse licenciamento”, disse Grando.
O coordenador alerta para os impactos que serão causados pela Usina Mauá, que implicarão não somente na destruição da biodiversidade do Rio Tibagi como em impactos antropológicos e na contaminação da água consumida por aqueles que se abastecem do rio. “Em Londrina, pelo menos um milhão de habitantes recebem água do Rio Tibagi. Se nós tivéssemos Mauá implantada, nós teríamos a estagnação dessa água, ou seja, ela vai ficar parada e sem oxigênio. Não só potencializando a poluição que já existe nesse rio como atingindo minas de carvão desativadas, onde nós teríamos tanto a produção de ácido sulfúrico quanto a liberação de metais pesados na água” , explica Tom Grando.
A audiência que se iniciou ás 14 horas terminou ás 19 horas, e foi finalizada com a advertência de Tadeu Veneri para a necessidade de respostas na próxima audiência, pois, segundo as palavras do próprio deputado, “não podemos ficar nos visitando”. De acordo com os participantes, cogita-se a realização de uma nova audiência na cidade de Ortigueira.
Pare, pense e reflita
O advogado e coordenador da ONG Liga Ambiental, Rafael Filippin, comenta sobre a questão energética.
- De acordo com Filippin, no Brasil são desperdiçados todos os dias sete mil megawats, que correspondem a 200 usinas de Mauá. “Faz sentido você construir mais uma usina de Mauá se você desperdiça duzentas?”, questiona o advogado.
- O coordenador da Liga Ambiental comenta um dado divulgado por Célio Bermann, doutor em Planejamentos de Sistemas Energéticos e pesquisador da USP. “Se todas as usinas antigas fossem repotenciadas o Brasil colocaria mais uma Itaipú funcionando”, cita Filippin.
- O advogado refuta a afirmação de o Brasil estaria à beira de uma “apagão”. Ele explica que o cidadão comum paga 300 reais por megawatt- hora , enquanto, as indústrias sequer pagam duzentos reais por megawatt – hora mesmo consumindo mais que a população. “Se nós temos energia barata para dar para indústria produzir o que bem entender, é óbvio que tem energia sobrando. Porque para a lei da oferta e da procura, se você tem muita oferta abaixa – se o preço”, conclui Rafael Filppin.
Soraia V. B.
sábado, 17 de novembro de 2007
Fotos, fotos e mais fotos!
Todas as fotos pertencentes ao acervo do Ex-Pressões se encontram alojadas no site http://www.flickr.com/photos/20946192@N03/.
Interessados por qualquer foto em individual, podem entrar em contato pelo email para obter a versão original.
Email: ex_pressoes@yahoo.com.br
Todas as fotos do Ex-Pressões: Flickr
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
"Pedras, Sonhos e Nuvens"
Ontem fui assistir "Pedras, Sonhos e Nuvens", peça realizada pelo grupo 'Revolução Teatral', equipe de Santo André (SP), uma das principais influências da Fábrica do Teatro Oprimido Londrinense.
A principio me pareceu mais uma encenação sobre um dos temas mais folclóricos do Brasil: Os Retirantes e o êxodo rural. Nossa cultura é especialista nesse tema, várias vertentes já a abordaram de forma magistral, o que deixa o tema de certa forma difícil de ser retratado com originalidade. Posteriormente descobri que a principal influência da peça não foi Vidas Secas de Graciliano Ramos, nada de Guimarães Rosa, não foi 'Os Retirantes' de Candido Portinari e muito menos 'Deus o Diabo na terra do Sol' de Glauber Rocha. Tudo surgiu de um fator verídico, vivenciado pela mãe de uma das atrizes participantes. A bagagem histórica foi complementada com outro importante dado vivido pela filha da mãe retirante: a necessidade de levar sempre sua irmã caçula aos ensaios, transferindo a responsabilidade materna e acumulando funções extras à filha. Isso exemplifica bem um dos aspectos da realidade retratada na obra: o conservadorismo em detrimento a sociedade em mutação constante.
Além dessa dificuldade de relacionamento entre mãe e filha, a obra reflete sobre outros empecilhos clássicos e contemporâneos: gravidez na adolescência, machismo, preconceitos, massificação e maus tratos com as camadas menos favorecidas. Enfim, uma montagem bem audaciosa e corajosa.
O teatro do oprimido tem como uma das suas principais características tornar acessível a qualquer cidadão a linguagem teatral, pois essa é uma forma da arte auxiliar as transformações sociais e mostrar sua força, indignação e engajamento. Nele, mesmo de forma amadora, os atores e o público sempre dialogam, o espectador é transformado em ator e isso se torna vital para o decorrer da peça. É nesse ponto que "Pedras, Sonhos e Nuvens" peca. Não sou lá grande especialista, mas ao meu ver, a encenação é muito moderna; foge um pouco da proposta de Augusto Boal. Mescla dança amadora com teatro mudo, mas possui uma pitada de falas. Esse experimentalismo de várias linguagens não é uma boa forma de o grande público compreender o que será exibido. Pretencionismo estético não é algo inserido no dicionário do Teatro do Oprimido. Nesse tipo de argumento, a linguagem precisa ser a mais direta possível, pode sim contar com cenas subjetivas, porém não muito presunçosas.
A peça teve alguns problemas técnicos, o que no final das contas não atrapalhou muito. Uma cena que merece destaque é a forma como foi mostrada à viagem Nordeste - São Paulo. Um caminhão humano; peripécias circenses e muito bom humor com a motorista canastrona que dirigia pela estrada precária. Outro grande destaque foi a inserção de 'The Great Gig On The Sky' do Pink Floyd em um ambiente pobre e seco.
Quando o sistema coringa (mediador entre público e atores) já estava no palco, um ato me chamou a atenção. Uma das atrizes disse que "Dança não põe comida na mesa". Logo atrás de mim, um dançarino profissional ficou indignado com tal declaração, claro que ele sabia que a obra é fictícia e a atriz apenas disse isso para provocar e facilitar o debate, mas mesmo assim foi interessante ver a reação do artista. Posteriormente perguntei a um outro dançarino se hoje é possível viver de dança no Brasil. "Sim", ele respondeu. É possível viver de dança no Brasil, assim como o teatro do oprimido passados quase 40 anos de sua criação ainda conta com muito fôlego. Enfim entendi o que Chico Science quer dizer em "Etnia": "É o povo na arte, é arte no povo/ E não o povo na arte, de quem faz arte com o povo."
"Pedras, Sonhos e Nuvens", exibida no dia 15/11/2007 na IV Mostra de Teatro do Oprimido de Londrina.
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
Cadeias: lembranças de uma estética marxiana...
Quando Marx escreveu esta frase em Introdução a crítica da filosofia do direito de Hegel, ele se referia à religião como a criadora de um mundo irreal e que deveria ser criticado para que se pudesse transformar o mundo real. Sua intenção era a de se pensar o mundo e buscar seu sentido na materialidade. Pois bem, o mundo mudou, a ciência se transformou na forma de conhecimento hegemônico, porém, novas cadeias ilusórias foram criadas e em conseqüência do mundo capitalista-moderno, se multiplicaram as cadeias materiais. Ambas produzem e refletem a nebulosidade que paira sobre o conhecimento compartilhado pela maioria das pessoas. O poder democrático dado a elas cresce na mesma proporção em que se criam mecanismos de formatação do pensamento. O processo de acumulação do capital se mostra cada vez mais excludente, de acordo com os interesses dos seus detentores, e os meios de comunicação, instrumentos da grande burguesia, tomam agora a função de entorpecer a população, em todas as classes, pois deveras ser demasiado iludido para empenhar-se nesta missão suicida que é a lógica do Capital. Quando a população percebe as desgraças realizadas na vida cotidiana, suas reflexões sobre os fatos tomam a irresponsabilidade perpetrada nos meios de comunicação. Então, suas ações recalcam, dentre os menos poderosos que ele mesmo, as possibilidades de se realizar enquanto ser humano. Sim, novas cadeias foram criadas, cadeias estas em se depositam pessoas destruídas enquanto seres humanos, ao longo de décadas quando não séculos, fruto das cadeias entorpecedoras que utilizam os símbolos para disseminar seu discurso torpe. Os meninos e meninas de rua são talvez a base mais baixa desta pirâmide de exclusão social. A eles estão destinadas as cadeias, sejam as cadeias em que se enclausuram os proprietários, sejam as cadeias em que querem lhe enclausurar para que os proprietários possam sair das suas. Todos pisoteiam a flor viva que há fora das cadeias sem ao menos se darem conta do que fazem. Como é contraditório um mundo que se embasa no visual, na aparência, se contentar com as cores opacas que colorem suas vidas. Realizar um trabalho junto aos meninos e meninas de rua é possibilitar que uma outra forma de ver o mundo venha a tona, é talvez fazer a crítica do dogma imediatista e começar a serrar algumas grades das cadeias.
Daniel Medeiros
terça-feira, 13 de novembro de 2007
Mídia Independente
A Mídia Independente, também conhecida como mídia alternativa, surgiu na Ditadura Militar com discussões de pequenos grupos que conquistavam mercados com a venda de mão em mão ou por intermédio das bancas de jornal, com várias dificuldades existentes naquela época como a censura e também pela concorrência de grandes jornais e revistas.
As publicações falavam de temas que podiam ir da ecologia ao direito de fazer poesia marginal. Os responsáveis por esses meios realizavam todo o processo, desde a pauta e elaboração das reportagens até a organização de distribuição nas periferias das cidades.
Alguns dos importantes meios independentes foram Pasquim, Opinião e Movimento, jornais que mostravam sua indignação sobre a falta de algo que é fundamental na vida de todos: a liberdade.
Sem a liberdade de expressão não pode haver discussão racional sobre ela própria ou sobre qualquer outro assunto. Consideramos ser livre a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sobre qualquer forma, processo ou veículo de comunicação.
É aqui que pretendemos contribuir para a socialização dos meios de informação, dando visibilidade aos grupos historicamente excluídos pelo oligopólio dos meios de informação. Implementando pela mídia eventos que fortaleçam a cidadania e a consolidação dos direitos humanos, utilizando como princípios norteadores a ética, a paz, a democracia e os demais valores universais. Pois, a liberdade de se comunicar, seja ela qual for, é um direito inerente a todos.
Esse é um espaço formativo e informativo. Informativo porque abrimos um espaço para que os grupos possam publicar suas próprias noticias, ampliando a visibilidade de divulgação do trabalho de grupos, associações, projetos e indivíduos com atitudes não comerciais que beneficiem as comunidades em que atuam. Garantindo o acesso aos meios de comunicação às classes e grupos sociais menos favorecidos.
Formativo, pois, prendemos transferir aos excluídos da mídia os meios e modos de produção da informação e registro histórico, dando-lhe a possibilidade de noticiarem os fatos conforme seu entendimento.
A liberdade de imprensa só é usada pelos donos das empresas, expressando suas posições nos editoriais e nos textos daqueles que seguem linhas parecidas com a dessa mídia. A liberdade de opinião dos jornalistas tem como limite a orientação do jornal. Evidentemente, como a matéria jornalística é um mero produto industrial, deve obedecer á orientação do jornal, pois está subordinado a um projeto global, ou, simplificando, ao acúmulo de capitais e alienação de ideais.
O grande problema dos jornais brasileiros é que eles não dependem da opinião pública, eles não precisam da venda de jornais avulsos ou assinaturas. A grande imprensa, como sugere o nome, é ligada à classe que pode mantê-la. Esses meios podem exercer um papel de esclarecimento da sociedade, porém só até o limite dos interesses de seus proprietários, interesses que são econômicos, políticos e ideológicos.
Ex-pressão é um coletivo de comunicação social popular, que visa à democratização dos meios de circulação e produção de mídia, rompendo com o monopólio midiático da chamada “Mídia Convencional” e dando voz a quem realmente vive o que será tratado.