segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Parte II


Sim! Foi f... Eu não quero comentar mais muita coisa, em respeito ao menino. Mas, vamos lá: Perderam. Temos que ver... (sim parece que vou me justificar quanto ao futebol e vou mesmo)... como o texto dizia... Tenhamos em vista a dificuldade do futebol Brasileiro. É claro, meu leito, refiro-me a maior parte do futebol que movimenta a maior parte das cidades desse Brasilzão e de todos os meninos como o Cristiano.




O que pensar em horas come essa? Obvio! Num palavrão. Cristiano percebeu que era uma boa ocasião para o menino descobrir o universo lingüístico dos palavrões, logo, mesmo que quisesse o contrário estava difícil resistir à arbitrariedade dos signos, também evidentes no momento. “Isso meu filho. Estão falando da mãe do atacante, ou o juiz. Aquele filho da p... cego”. “Cego pai!?”.





Bom! Vou te dar um tempo. Talvez seja uma boa hora para interromper a leitura... ir ao banheiro... tomar uma água... comer um pedaço de bolo. Aquele menino havia aprendido a xingar o arbitro e os pernas-de-pau que compunham o ataque do Tigrão, mas ainda não havia aprendido o substantivo comum, quase de tratamento, quase de amor que vem na palavra: pai. Sim é bem apelativo e dramático pensar que Cristiano ouviu da boca do filho essa soma de sentidos, que se traduziam num sorriso tão bobo, bem ali no meio da arquibancada.



Você tem toda a liberdade de interromper aqui sua leitura e ignorar um sentido que entenderei que desconheça. Nas próximas linhas desse parágrafo vou procurar fingi-los nas formas de um texto: E é normal que pare, pois, quando o menino então disse a palavra cujo sentido me escapa, todos ali pararam. A torcida, o arbitro, os jogadores, o pai o filho, eu o leitor. Não disseram nada. Nem fizeram com a cabeça que sim nem que talvez. Olhavam todos fixamente para algum lugar, procurando algum sentido, algum apoio, para traduzir o momento único em que o filho se dirige ao pai, dando a ele – dentro de uma palavra – o sentido (qual sentido?) de ser pai.



Andavam nas noites do velho Bairro do Conjunto São José II. O menino já quase caindo de sono, depois da longa jornada futebolística. Entrou para tomar um banho enquanto Cristiano foi tirar o lixo. Lá fora, “Seu filho da p...”. Zumbi, jogador do tigrão e visinho do Cristiano estava apanhando da mulher, ali mesmo no meio da calçada. Cristiano deixou o lixo sem dedurar que ali estava. Entrou rápido e só deu pra ouvir “Cê fica insistindo nessa p..., não te pagam... um monte de conta pra pagar.”.




Cristiano fechou a porta. É! O futebol nem sempre é a alegria do povo. O menino se deitou e Cristiano sentou na beira da cama para lhe desejar boa noite. E, antes de dormir, decidiu lhe ensinar ainda outra lição: “Sabe filho, acho melhor não xingar os jogadores não...”.

“Ta bom pai!”.





Robson Vilalba

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