terça-feira, 30 de agosto de 2011

Crise mundial

Tudo isso me parece novo

Ou a mesma anarquia

De novo

O lustre antigo

Nos antigos castelos

Rangendo a cada pedrada

E sentado na enorme escada

O rei

Contando moedas para pagara a parcela mínima do cartão de crédito

Vê se pode?



Na frente da minha casa tem uma lixeira

E a bolsa fechou em baixa

O cheiro de chorume é forte

Mas os acionistas trabalham firme

Se matam a fome com merda

Desde quando engordar o lucro é crime?



Amanhece

E as avenidas enfileiradas tecem o dia

Aos berros um louco negocia

“O meu reino...

O meu reino por mais um dia”



Até quando San?

Eu pergunto

Ele responde

Mas eu não entendo

eu não entendo.

(Robson Vilalba)

terça-feira, 19 de julho de 2011

Gritos de uma fôrma

Do homem primata ao capitalismo selvagem, eis que aqui estou.
Tentando sempre ser mais homem do que selvagem, o prêmio que a academia me dará por concluir o curso não vem ajudando muito...anda transformando-me em capitalista primata. Percebi isto há alguns segundos, quando, num susto, deparei-me procurando no oráculo o que seria spot. Encontrei a resposta num site que diz: “Redação mercadológica, refinada e sedutora”. Não é um jingle, é uma mensagem feita de modo simples, assim como a venda de balcão. E eu, que tanto li sobre “As teorias do rádio” de Brecht, e como devemos utilizar este maravilhoso meio de comunicação. Um espaço de discurso e resposta, de acesso a todos, com mensagens que devem ser de interesse da/para comunidade...cá estou, fazendo propaganda de um evento do qual nem estou de acordo. Um dia destes, eu disse a um amigo que seria a jornalista do Combate; ele me respondeu euforicamente e com toda a foice e o martelo no olhar: “Que legal, você será jornalista de combate!!!”...Não meu camará, é DO Combate. É triste ter que assumir, durante toda a graduação eu tive minha quase-liberdade de ser de combate...e ainda sou! Ainda estou viva! Ou não? Quando percebi, os tubarões - os mesmos que Brecht tanto nos alertou - engoliram-me e estão tentando mastigar minhas pernas. O que luto é para que não mastiguem meu cérebro.
Estes dias tentei salvar meu cérebro, mas não quiseram o segurar: “Este cérebro aí eu não pego, tente salvá-lo com outro”. Porra! Nem no possível espaço para se pensar a transformação do mundo.
A academia há muito deixou de ser espaço para reflexão, para produção de conhecimento...agora ela é spot do conhecimento...agora ela nos forma.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

MARCHA DAS VADIAS

Eu posso escolher com quem quero transar - Marcha das Vadias em Vancouver

São Paulo recebe passeata contra a culpa feminina em casos de agressão sexual


Você sai com um vestido curto e passam a mão na sua bunda. Você conta para um amigo que diz: "mas também, né, com uma roupa dessas". Como assim? Nunca aconteceu com você? Apostamos que sim. E é por isso que achamos que ir na Marcha das Vadias, que acontece sábado em São Paulo é uma boa ideia. A causa: acabar com essa história de que mulher estuprada (sim, o assunto é seríssimo) provocou isso. E, claro, com essas historinhas mais simples que acontecem todos os dias. Com todo mundo.

E por que vadia? O termo vem do inglês, de slut, mas serve muito bem. Afinal, mulher que se veste como quer, transa com quem quer, é chamada de que? Hein?


A Slut Walk começou a se desenrolar em Toronto, no Canadá. Em uma universidade, um policial dava uma palestra sobre segurança no campus universitário e argumentou que as estudantes deveriam evitar se vestir como vagabundas (daí vem o termo sluts) para não se tornarem alvo fácil de estupros.

Diante de uma declaração infeliz como esta, as estudantes decidiram protestar. E com razão! Ou será que é normal sofrer uma trágica e forçada agressão ao nosso corpo e mente e ainda assim nos sentirmos culpadas? Não restam dúvidas de que estupro é um medo presente na mente das mulheres e o distúrbio mental vem da parte do agressor. E não das nossas peças de roupas! Sim, vamos continuar nos vestindo do jeito que quisermos. Sempre.




"Não diga como devemos nos vestir; diga aos homens para não estuprarem"

A passeata, que acontece no próximo sábado em São Paulo, é na verdade um grito contra o conceito de "mulher estuprável". Não, isso não existe! É errado a sociedade dizer "cuidado para não ser estuprada" em vez de "não estupre". Somos livres para usarmos o que quisermos e, principalmente, somos livres de qualquer culpa desse ato.


A Tpm ouviu algumas blogueiras feministas que levantam a bandeira da causa e mostram porquê não devemos ficar de fora da passeata.
Para Marjorie Rodrigues, 23, que mora em São Paulo e é assessora de imprensa, a ideia da marcha é excelente e que o protesto é necessário. "Essa coisa de separar uma mulher entre santa, puta, ou vadia, é algo que não depende da sexualidade da mulher ou de quantos parceiros ela quer ter. O julgamento vem da maneira que você anda, que você senta, se você ri demais, se você fala demais. Já passou da hora da gente protestar contra isso pra termos mais liberdade ainda. É aquela velha história: o homem pode falar que tal mulher é gostosa, mas se eu falar isso, eu sou uma vadia. No Brasil, a gente tem o exemplo recente do Rafinha Bastos que fez uma piada dizendo que cara que estupra mulher feia merece um abraço, tem a frase do Maluf 'estupra, mas não mata', tem o caso da Geisy Arruda que todo mundo julgou como puta por causa de um vestido. Essa questão só parece pequena, mas a verdade é que ela oprime as mulheres todos os dias", disse. "O nome da marcha é de fato pejorativo, mas a verdade é que o propósito da marcha é maior. Não existe mulher vadia, mulher santa ou mulher vagabunda, existem vários tipos de mulheres e cada uma explora sua sexualidade do jeito que achar mais adequado", completa.



"Pra mim, o nome ideal seria 'Marcha das Mulheres Livres', mas não teria tanto impacto na mídia" - Tica Moreno


A socióloga Tica Moreno, 27, também de São Paulo, também parte da ideia de que a marcha foi uma ótima sacada das meninas em Toronto. "Elas conseguiram potencializar o debate de que não importa o tipo de roupa, ou o tipo de comportamento, nada justifica a violência contra as mulheres. Vale lembrar do caso do goleiro Bruno. A própria mídia justificou a violência dele porque diziam que Eliza Samudio era uma garota de programa, que adorava sair com vários jogadores. Então, pra nós, é o momento de levar para as ruas, pra mídia, pra internet, que nada é capaz de justificar a violência. O termo vadia pode sim ser usado de uma maneira que foge da proposta, não acho que é o caso de positivar a palavra, mas a verdade é que as mulheres são livres para terem o comportamento que quiserem. Nosso debate não se trata sobre ser ou não devassa, pra gente se trata de ser livre. Pra mim, o nome ideal seria a Marcha das Mulheres Livres, mas vamos combinar que isto não teria tanto impacto na mídia", explica.
Conhecida na internet como Srta. Bia, a brasiliense Bianca Cardoso, 30, servidora pública, vai além e sugere cartazes que as mulheres poderiam levar na Marcha. "Acho importante ir para a Marcha com roupas que a pessoa goste de usar e cartazes com dizeres: 'Este é meu corpo, meu precioso corpo me pertence' ou 'Meu corpo, minhas regras' ou até mesmo hinos do funk como 'A buceta é minha e eu dou para quem quiser!'. Para a sociedade, ser vadia é ser uma mulher promíscua. Para mim ser vadia é viver sendo quem eu sou, rasgando a burca invisível que nos cobre", disse.






Respeito é sexy - Marcha das Vadias em Vancouver



Autora do blog Escreva Lola Escreva, um dos blogs feministas mais conhecidos do Brasil, Lola Aronovich, 43, argentina naturalizada brasileira que há um ano e meio mora no Ceará, é professora da UFC (Universidade Federal do Ceará) e cronista de cinema. Para ela, o tema em si já é muito polêmico, principalmente a escolha do nome. "Eu acho muito difícil ser possível reapropriar o significado de um nome. Mas ao mesmo tempo eu entendo totalmente o propósito da Marcha, que é contestar a afirmação feita pelo policial lá em Toronto. A verdade é que a visão geral diz que quem tem que se preocupar é a vítima! É a mulher que tem que aprender a não ser estuprada, não o homem que tem que aprender a não estuprar, a gente ouve isso toda hora. Quando ouvimos falar em estupro, a primeira coisa que perguntamos é 'mas o que ela estava vestindo, onde ela tava ou que horas eram?'. Tudo sempre relacionado à postura da vítima. Então a gente fazendo a Marcha pode muito bem conscientizar algumas pessoas que todo o assunto 'estupro' está muito mal discutido.”, explica.


Pelo mundo
A primeira Slut Walk aconteceu no início de maio no Canadá, e se espalhou pelo mundo. As mulheres da Argentina, Estados Unidos, Grã-Bretanha, Holanda e Nova Zelândia já deram seu grito contra o conceito machista de que a mulher pediu pra ser estuprada. Podemos garantir que nenhuma de nós faria este tipo de pedido. No próximo sábado, dia 4, a passeata acontece em São Paulo, Los Angeles, Chicago, Edmonton, Estocolmo, Amsterdã e Edimburgo. E no dia 18 de junho em Belo Horizonte.
No evento no Facebook criado para divulgar a marcha de São Paulo mais de 5 mil pessoas já confirmaram sua presença. E você, o que acha? Comente abaixo!
Vai Lá: Slut Walk - Marcha das Vadias em São Paulo
Quando: sábado, 4 de junho, das 14h às 17h
Onde: Praça do Ciclista - Final da Av. Paulista próximo à Rua da Consolação
Fanpage
Slut Walk - Marcha das Vadias em Belo Horizonte
Quando: sábado, 18 de junho, a partir das 13h
Onde: Trajeto: Praça da Rodoviária - Praça da Estação - Praça da Liberdade


Publicado pela revista TPM no dia 01 de junho 2011.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Salário mínimo deveria ser de R$ 2.023

O salário mínimo do trabalhador do País deveria ter sido de R$ 2.023,89 em agosto para que suprisse suas necessidades básicas e as da família, conforme estudo divulgado hoje pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A constatação foi feita por meio da utilização da Pesquisa Nacional da Cesta Básica do mês passado, realizada pela instituição em 17 capitais do Brasil. Com base no maior valor apurado para a cesta no período, de R$ 240,91, em Porto Alegre, e levando em consideração o preceito constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para garantir as despesas familiares com alimentação, moradia, saúde, transportes, educação, vestuário, higiene, lazer e previdência, o Dieese calculou que o mínimo deveria ter sido o equivalente a 3,97 vezes o piso vigente no Brasil, de R$ 510. O valor é superior ao calculado para julho, de R$ 2.011,03, e para agosto do ano passado, de R$ 2.005,07. Em agosto, para adquirir uma cesta básica, o trabalhador que ganha salário mínimo precisou cumprir, na média das 17 capitais onde o Dieese pesquisa os preços dos alimentos, uma jornada de 89 horas e 38 minutos. O valor representa um pouco menos de duas horas em relação às 91 horas e 50 minutos de julho. Em agosto do ano passado, era exigido o cumprimento de uma jornada de 96 horas e 37 minutos para que o trabalhador que ganha salário mínimo conseguisse adquirir uma cesta básica.

Fonte: O Bonde

sábado, 21 de agosto de 2010

Plebiscito Popular Nacional pelo Limite da Propriedade da Terra estará presente na UEL

Criada em 2000 pelo Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo (FNRA), a Campanha pelo Limite da Propriedade da Terra: em defesa da reforma agrária e da soberania territorial e alimentar, vem sendo promovida em nível nacional numa ação de conscientização e mobilização da sociedade brasileira para incluir na Constituição Federal um novo inciso que limite as propriedades rurais. De acordo com os últimos dados levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) em 2006, no Brasil, 2,8% das propriedades rurais são latifúndios e ocupam mais da metade de extensão territorial agricultável do país (56,7%). Em contrapartida as pequenas propriedades representam 62,2% dos imóveis e ocupam apenas 7,9% da área total. Vale lembrar que mais de 70% dos alimentos produzidos para os brasileiros provém da agricultura camponesa, uma vez que a lógica econômica agrária tem como base a exportação, principalmente da soja, da cana-de-açúcar e do eucalipto. O Brasil tem a segunda maior concentração da propriedade fundiária do planeta. Diante da realidade do campo, vários segmentos sociais se mobilizam para conquistar seus direitos. O papel da Campanha é exigir a obrigação do Estado em garantir esse direito à propriedade da terra a todos os brasileiros e brasileiras que dela tiram seu sustento. Uma das ações da campanha é a realização de um plebiscito popular em todo o território brasileiro, do dia 1 a 7 de setembro, a população será conscientizada e poderá expressar sua opinião sobre o problema através do voto. A campanha está presente na UEL sendo articulada por movimentos sociais e organizações estudantis. Será realizado um debate ampliado sobre o limite da propriedade da terra no dia 31 de agosto às 19 hs na sala de eventos do CCH. O plebiscito estará presente no restaurante universitário e centros de estudos, a comunidade universitária poderá expressar seu voto através de urnas montadas nestes pontos de 1 a 3 de setembro.ServiçoDebate sobre o limite de propriedade de terras Data: 31/08/2010 (terça-feira)Horário: 19hsLocal: Sala de eventos do CCH