terça-feira, 19 de julho de 2011

Gritos de uma fôrma

Do homem primata ao capitalismo selvagem, eis que aqui estou.
Tentando sempre ser mais homem do que selvagem, o prêmio que a academia me dará por concluir o curso não vem ajudando muito...anda transformando-me em capitalista primata. Percebi isto há alguns segundos, quando, num susto, deparei-me procurando no oráculo o que seria spot. Encontrei a resposta num site que diz: “Redação mercadológica, refinada e sedutora”. Não é um jingle, é uma mensagem feita de modo simples, assim como a venda de balcão. E eu, que tanto li sobre “As teorias do rádio” de Brecht, e como devemos utilizar este maravilhoso meio de comunicação. Um espaço de discurso e resposta, de acesso a todos, com mensagens que devem ser de interesse da/para comunidade...cá estou, fazendo propaganda de um evento do qual nem estou de acordo. Um dia destes, eu disse a um amigo que seria a jornalista do Combate; ele me respondeu euforicamente e com toda a foice e o martelo no olhar: “Que legal, você será jornalista de combate!!!”...Não meu camará, é DO Combate. É triste ter que assumir, durante toda a graduação eu tive minha quase-liberdade de ser de combate...e ainda sou! Ainda estou viva! Ou não? Quando percebi, os tubarões - os mesmos que Brecht tanto nos alertou - engoliram-me e estão tentando mastigar minhas pernas. O que luto é para que não mastiguem meu cérebro.
Estes dias tentei salvar meu cérebro, mas não quiseram o segurar: “Este cérebro aí eu não pego, tente salvá-lo com outro”. Porra! Nem no possível espaço para se pensar a transformação do mundo.
A academia há muito deixou de ser espaço para reflexão, para produção de conhecimento...agora ela é spot do conhecimento...agora ela nos forma.